sábado, 1 de dezembro de 2007

MÚSICAS PARA UMA EXPOSIÇÃO

CONSTANÇA CAPDEVILLE

LIBERA ME

Coro Gulbenkian, Jorge Matta

DUARTE LÔBO

REQUIEM PARA SEIS VOZES

The Tallis Scholars, Peter Phillips

FERNANDO LOPES-GRAÇA

REQUIEM PELAS VÍTIMAS DO FASCISMO EM PORTUGAL

Budapest Philarmonic Orchestra, Hungarian State Opera Chorus, András Kórodi, Magda Kalmár, Tâmara Takács, Attila Fülöp, István Gáti, Kolos Kováts

GIYA KANCHELI

STYX

Orchestra of The Mariinsky Theatre, St. Petersburg Chamber Choir, Valery Gergiev, Yuri Bashmet

MARC-ANTOINE CHARPENTIER

GRAND OFFICE DES MORTS

Les Arts Florissants, William Christie

ORLANDO DI LASSO

MISSA PRO DEFUNCTIS

The Hilliard Ensemble

WITOLD LUTOSLAWSKI

MUSIQUE FUNÈBRE

Polish Radio National Symphony Orchestra, Witold Lutoslawski

WOLFGANG AMADEUS MOZART

REQUIEM IN D MINOR, KV 626

Berliner Philharmoniker, Wiener Singverein, Herbert von Karajan, Helmuth Froschauer, Anna Tomowa-Sintow, Agnes Baltsa, Wernet Krenn, José Van Dam, Rudolf Scholz

ZOMBIE 5/12: THE RETURN OF THE LIVING DEAD! THIS IS NOT A MOVIE...

A história desta exposição começou em 1978, no Cine-Teatro de Alcobaça. Nessa altura eu trabalhava no bar daquela sala de espectáculos, o que me dava oportunidade de assistir a todos os filmes lá exibidos. Citizen Kane, de Orson Welles, Ivan Grozny, de Sergei Eisenstein e L’ Amour à Mort de Alain Resnais foram apenas alguns deles. Mas este era diferente, muito diferente. O seu realizador era George A. Romero e o seu título original Dawn of The Dead. A sua história era muito linear e tratava de quatro pessoas que fugiam de um arrepiante inferno de zombies, ou melhor escrevendo, mortos vivos. Faziam-no de helicóptero e acabariam por se refugiar num enorme centro comercial, aí esperando ficar a salvo dessa horrível multidão. Estavam errados, pois as vítimas dos zombies também se tornam imediatamente zombies… Vi esse filme, rodado a cores, de ponta a ponta, em quatro dias seguidos... Fiquei tão vivamente impressionado que não descansei enquanto não vi o filme com que George A. Romero iniciara essa sua saga cinematográfica sobre zombies: Night of The Living Dead, rodado dez anos antes, a preto e branco… A sua história era ainda mais aterradora, dado que nesse filme o grupo de pessoas que fugiam de uma infernal multidão de mortos vivos se refugiava numa fazenda isolada… É claro que a acção de ambos os filmes se passava durante a noite e que Alan Smithee os definiu como autênticas “sinfonias de terror apocalíptico”...

A história desta exposição cimentou-se em Junho de 1996, quando visitei uma exposição do artista de representação visual norte-americano John Baldessari em Lisboa, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. Como era usual numa exposição daquele género, essa exposição incluía ampliações fotográficas de grande dimensão. Mas o que nela me chamou imediata e irreversivelmente a atenção não foi nenhuma delas… Num dos sectores dessa exposição eram apresentados dois painéis com cerca de duzentas fotografias cada um. Todas em tamanho normal, ou seja, na dimensão (10 x 15 cm) que todos temos em nossa casa, nos nossos álbuns de fotografias. O conceito inerente a esses painéis era ainda mais raro e inusitado. Um deles chamava-se From New York to Los Angeles. E o outro From Los Angeles to New York. E ambos eram isso mesmo: fotografias absolutamente vulgares, a cores, da parte de trás de centenas de automóveis fazendo aqueles percursos. Para um lado e para o outro…

A história desta exposição consolidou-se em Outubro de 1996, em Lisboa, quando a Culturgest apresentou a exposição A Super Auto-Estrada Electrónica do videasta sul-coreano Nam June Paik. Uma série de seus trabalhos ali expostos eram os chamados Internet Dwellers, supostos habitantes da Internet, corporizados em móveis de televisor cuja suposta expressão facial se caracterizava pela incorporação de verdadeiros écrans de televisão, situados lado a lado, trabalhando em simultâneo…

A história desta exposição corporizou-se quando tentei saber algo mais sobre a fotografia contemporânea… E tomei contacto com ideias surpreendentes, como a noção expressa por Dan Graham em Rock My Religion, de que “uma obra de arte que não tivesse sido mencionada nem reproduzida numa revista teria dificuldade em alcançar o estatuto de arte”. Ou o conhecimento de que um artista como Richard Prince se celebrizou publicando fotografias que ele mesmo tirava a anúncios da Marlboro… Ou o de Rosângela Remó, que expunha fotografias que ela mesma comprava ou achava… Bem como de Hans-Peter Feldman, que fazia o mesmo, expondo fotografias que seleccionava e montava de imagens retiradas dos meios de comunicação social… Ou de Sherrie Levine, que fez carreira refotografando trabalhos de outros fotógrafos e artistas… Não esquecendo Gerard Richter, que durante a década de 1960 utilizava imagens amadoras, reproduções de jornais ou de revistas, prospectos publicitários e até mesmo revistas pornográficas… Ou Wolfgang Tillmans, que expôs muitas das suas fotografias presas à parede com fita-cola, como se fossem recortes de revistas… Ou ainda Gregor Schneider, que utiliza a sua própria casa como tema das suas séries fotográficas… Recordando também Cindy Shermann, que não se cansa de utilizar os seus auto-retratos nas sua séries de fotografia conceptual… E Thomas Struth, que fotografa pessoas e cidades em perspectivas geralmente não consideradas como interessantes ou úteis de observar… Ou o imenso painel Mundo Visual, da dupla Peter Fischli & David Weiss, formalizado em centenas de pequenas fotografias, que vi exposto em 2001 no Porto, na Fundação de Serralves

Não sei, não me interessa, nem faço ideia, se estes meus supostos trabalhos de representação visual poderão, ou conseguirão, ser considerados arte, ou até mesmo acontecimento estético, no sentido em que Rosalind Krauss sublinhava a possibilidade de “um objecto poder hoje alcançar o seu estatuto de arte só por ter sido eleito”, conseguindo “ignorar a especificidade de várias formas de leitura -os mediums- e saltar directamente para o nível da arte em geral”. O que aqui me interessa é apenas contar histórias. Tantas histórias quanto os infinitos percursos que estas minhas personagens possam percorrer depois de se terem transformado em zombies, correndo por esse mundo fora. Possibilidades tão infinitas como a inspiração de cada um de nós, actores ou espectadores da interminável aventura que aqui se inicia…

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

ZOMBIE 5/12: THE RETURN OF THE LIVING DEAD! THIS IS NOT A MOVIE...

Já visitei inúmeras exposições. Dos mais diversificados géneros e tipologias. Durante muitos anos. Penso que chegou a minha hora de também apresentar uma exposição de minha autoria. E vou fazê-lo. Trata-se de uma exposição de onze painéis com uma série de 124 fotografias a cores sobre papel, que comemora vinte anos de colaboração na imprensa local, regional e nacional. Essa exposição intitula-se Zombie 5/12: The Return of The Living Dead! This is Not a Movie… Sendo apresentada ao público entre 1 e 15 de Dezembro de 2007, em Coz, no Bazar das Monjas. A ideia surgiu-me dos filmes de George Romero e da fotografia de John Baldessari. As minhas personagens aparentam ser naturezas mortas, estáticas, inertes… Todavia, receio que a noite lhes permita ganhar vida e circular por esse mundo fora… Chamo-me José Alberto Vasco e ficarei eternamente agradecido pela amável visita de todos os que pretendam compartilhar a minha suposta arte de representação visual. Vale?